Esporte: Bousquet ignora Australiano

Bousquet ignora australiano e diz que só Fratus deve preocupar Cesar Cielo

Fora dos Jogos de Londres, ex-recordista mundial dos 50m livre compete no Rio e afirma que brasileiros são os melhores velocistas da atualidade.

Detentor do recorde mundial dos 50m livre antes de Cesar Cielo, o francês Frédérick Bousquet mal teve tempo de digerir a não classificação para os Jogos de Londres-2012, no mês passado. Ainda triste, mas já conformado, passou a dar novas braçadas esta semana rumo aos próximos desafios. O primeiro deles, que tem mais cara de férias do que de trabalho, é nadar o Troféu Maria Lenk, durante esta semana, no Rio de Janeiro. Na terra de dois de seus principais rivais e amigos, o namorado de Laure Manaudou vê de perto a preparação de Cesar Cielo e Bruno Fratus para as Olimpíadas e, ignorando o jovem australiano James Magnussen, afirma que o Brasil tem os dois maiores velocistas do mundo na atualidade.

- A única pessoa com que Cesar tem que se preocupar agora é Bruno Fratus. São claramente os dois melhores nadadores de 50m livre no mundo agora. Para mim, não há dúvidas. Eu diria: “Tome cuidado. A pressão está vindo” – disse o simpático francês, que aplaudiu o desempenho da dupla brasileira nesta quarta-feira.

Magnussen ganhou o ouro nos 100m livre no Mundial de Xangai, no ano passado, e chegou a ter a melhor marca de 2012 nos 50m - marca que agora pertence de novo a Cielo, com os 21s38 da final do Maria Lenk na noite de quarta.

Na seletiva francesa, em março, Bousquet não conseguiu se classificar para nenhuma prova dos Jogos Olímpicos de Londres. Nos 50m livre, sua especialidade, fez apenas o quinto tempo 22s05. Primeiro (21s93) e segundo (21s95) colocados, Amaury Leveaux e Florent Manaudou, seu cunhado, levaram as duas vagas disponíveis. O curioso é que nesta quarta, nas eliminatórias e na final do Maria Lenk, o francês que está defendendo o Pinheiros fez 21s90 e 21s78, marcas que o deixariam em primeiro lugar na disputa em seu país.

- Eu não tenho a menor ideia do que aconteceu. Alguma coisa aconteceu, e eu não consigo explicar. Talvez tenha sido minha cabeça, talvez muita pressão nos 50m, por ser minha última chance após oito dias de competição.

A decepção desta vez foi bem pior do que nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, quando não se classificou para disputar os 50m livre, mas foi prata no 4x100m livre. Na época, assistiu à prova do companheiro de equipe (na Universidade de Auburn) e prometeu que na próxima edição superaria o amigo Cesar Cielo.

- É muito decepcionante. Era o que eu queria nos últimos quatro anos. Não pude cumprir minha promessa. Tem sido difícil para mim. Mas ainda me sinto jovem como atleta e ainda estou em busca de competir de novo. Londres não deu para mim, mas espero estar apto a competir com Cesar mais vezes.

Além de rivais dentro d’água, Cielo e Bousquet são amigos de longa da data. Na época em que o brasileiro ainda treinava na pacata cidade americana de Auburn, chegou a dividir apartamento com o francês. Os dois seguiram caminhos diferentes nos últimos anos, mas a amizade resistiu.

- Ele me mandou um e-mail, acho que um ou dois dias depois dos 50m (na seletiva francesa). Ele foi bem legal. Me sensibilizou. Nós somos muito próximos. Foram palavras muitos gentis. Me mostrou sua amizade verdadeira – afirmou o namorado de Manaudou, que está encantado com as belezas do Rio.

A não classificação do ex-recordista mundial da prova pode ter deixado o caminho do campeão olímpico até a medalha de ouro em Londres ainda mais tranquilo. Ainda sim, o brasileiro lamentou o desfalque.

- Uma pena, foi uma situação muito difícil de assistir. Meus pais ficaram muito chateados também. A gente chegou a morar junto por mais de um ano. É triste. Eu sei o quanto ele se dedica. Ter ficado fora imagino que tenha sido um grande golpe. Agora, bola pra frente e pensar que nem jogador de futebol: jogo passado não tem o que fazer.