segunda-feira, 16 de abril de 2012

NOTÍCIA: Escolas indígenas comemoram Dia do Índio


                                      
Primeiro entra um jovem índio falando: “Sou índio Guarani, Ñandeva ou Kaiowá, sou aquele que vive na mata! Que caça e que pesca que nunca deixa de agradecer a Deus por uma boa colheita de milho. Sou filho da terra e dela sou filho, sou índio do imenso Brasil! Sou forte e corajoso”.

Em seguida, é a vez de uma jovem índia: “Também sou forte e corajosa, mantendo sempre viva as memórias do meu povo, moro na minha oca e ensino meus filhos para que nunca esqueçam que somos índios e que devemos nos orgulhar disso. Ser índio é assim...”
O que parece ser um diálogo imaginário, saído das páginas de um conto de fadas, transforma-se na leitura do cotidiano dos jovens indígenas brasileiros.
Entra o Capitalismo: “Ha...ha...ha! Mas índio, você vive no meu mundo e no meu mundo você precisa de dinheiro, precisa trabalhar para receber alguma coisa!” O Desmatamento: “Eu ouvi caça, pesca? Índio te pergunto eu: Caçar o que? Pescar onde? No mundo de hoje, já acabei com quase toda a mata e rios!” E a poluição também se manifesta: “E os rios eu poluí, nesse novo mundo vale tudo para ter dinheiro. Veneno nas lavouras! A indústria está poluindo o ar! Desculpa, mas ninguém é perfeito!” Os vícios igualmente se revelam: “Índio, aceita uma tragadinha aí? É tudo de bom! Preciso de mais drogas, preciso de mais pinga. Índio, no mundo de hoje estou no auge, precisam se viciar!”.
As cenas fazem parte de teatro encenado pelos alunos do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Indígena Mbo Eroy Guarani Kaiowá, da rede de ensino de Amambai. A apresentação aconteceu nesta segunda-feira, 18, e foi alusiva ao Dia do Índio, comemorado nesta terça-feira, 19.
Para a diretora da escola, professora Nídia Eliane Peixer, a programação realizada pelos alunos e professores em comemoração ao Dia do índio objetiva refletir sobre a realidade das comunidades indígenas Guarani Kaiowá de Amambai e o que pode ser feito para melhorar este quadro.
Os jovens protagonistas desta história são críticos em relação à realidade das comunidades indígenas. Eles têm uma ideia sobre o que deve ser feito para melhorar a realidade. “Eu quero falar minha língua. Quero manter vivas minhas tradições. Manter viva a memória de meu povo! E encontro forças para acreditar nisso através da esperança. Não são com flechas ou rezas, mas com educação escolar ou tecnológica e conhecendo as leis que me amparam. Através das quais, posso conhecer e combater todos esses problemas sem deixar de ser eu mesmo: índio, com minha língua, minha dança e meu modo de viver!”, encerram os jovens na apresentação teatral da escola indígena de Amambai.
Nídia Peixer concorda com eles: “A educação de qualidade é um dos caminhos para transformar esta realidade e promover a cidadania”.
A Escola Estadual Indígena Mbo Eroy Guarani Kaiowá, localizada na aldeia Amambai, possui 170 alunos matriculados. Para comemorar o dia do índio deste ano, alunos e professores organizaram diversas apresentações. Além do teatro, foram produzidas salas temáticas, com exposição de desenhos e outros materiais artísticos, declamação de poesia e apresentação de danças típicas, entre elas o Guaxiré, que envolveu tanto os índios como os não índios.
Na Escola Municipal Indígena Mbo Eroy Guarani Kaiowá, também localizada na aldeia Amambai, realizou desde o dia 14 até esta segunda-feira, 18, uma programação alusiva ao Dia do Índio. A unidade escolar atende cerca de 1200 alunos matriculados no Ensino Fundamental.
As atividades compreenderam concursos de poesia, de desenho e de garoto e garota indígenas e apresentações culturais.
A rede de ensino de Amambai possui ainda outras duas escolas municipais indígenas - Mitã Rory e Tupa y Ñandeva - que também realizaram atividades alusivas ao Dia do Índio.

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